O Tratamento Restaurador Atraumático (ART) tem diversas vantagens e benefícios. Possui um protocolo simples, porém não significa que pode ser realizado de qualquer maneira. Dentre suas vantagens, utiliza apenas instrumentos manuais. Afinal, ART é uma boa opção de tratamento?
Alguns podem pensar que é uma técnica voltada para atendimentos em campo ou comunidades indígenas. Porém, esse é um tratamento que pode ser muito bem empregado também em consultórios particulares. Será que você está fazendo o ART da maneira adequada? Já sabe quais instrumentos podem tornar esse atendimento ainda melhor e mais efetivo?
O que vamos abordar:
O que é ART?
A sigla ART vem do inglês e é traduzida para “Tratamento Restaurador Atraumático”. Nesse procedimento, o tecido cariado é removido apenas com instrumentos manuais. A cavidade então é restaurada e as fissuras adjacentes são seladas com um material adesivo, geralmente utiliza-se cimento de ionômero de vidro. Também é utilizado para selar fossas e fissuras susceptíveis à cárie.
Por não necessitar de nenhum motor, pode ser utilizado em locais fora do consultório. É bastante utilizado em atendimentos em cidades ribeirinhas ou até mesmo em campo. Além disso, pode trazer muitos benefícios para crianças pequenas ou então maiores, mas muito receosas que não suportam o barulho ou sensação das brocas em alta ou baixa rotação.
Novamente reforçamos aqui a importância de um bom diagnóstico pulpar do dente a ser restaurado. A técnica de ART não pode ser realizada em dentes com comprometimento pulpar, visto que para esses casos, a endodontia é necessária.
Mitos e verdades
Muitos imaginam que a técnica do ART não pode anestesiar, porém isso é um mito. Quando há a chance de provocar alguma dor ao paciente pela proximidade da lesão com a polpa, os dentes são anestesiados.
Outra confusão que é feita, é achar que ART é sinônimo de adequação de meio bucal. Apesar de se utilizar cimento de ionômero de vidro, o ART não é uma técnica provisória. Geralmente, utiliza-se um cimento ionomérico de alta viscosidade, que é mais resistente e duradouro. Além disso, a cavidade é limpa muito parecido com situações em que utilizamos as brocas. Ou seja, o sucesso do tratamento e a longevidade da restauração irá depender mais de todos os protocolos realizados do que do material em si.
E nos dentes permanentes, será que pode ser realizado o ART? Sim! Essa técnica pode ser empregada em dentes permanentes, assim como em dentes decíduos. É claro que todos os cuidados com o diagnóstico devem ser tomados, além disso, indicar corretamente o tipo de restauração para aquele dente.
Algumas cavidades não são ideais para receber uma restauração de ionômero de vidro. Apesar do material ser resistente, reconstrução de cúspides ou classe II muito amplas, não são recomendadas. Portanto, outras técnicas e materiais devem ser utilizados.
Passo a passo
O protocolo é relativamente simples. No entanto, cada passo deve ser realizado cuidadosamente para se obter o sucesso clínico. Além disso, é importante estar atento a bula dos materiais, assim o tempo de manipulação e proporções estarão adequados.
Primeiramente o tecido cariado é removido. A cavidade é então condicionada, lavada e secada. O cimento é inserido e realizado uma pressão digital. Por fim, é realizado o ajuste oclusal. Lembre-se que assim como os outros materiais adesivos, o CIV requer um controle de umidade adequado. Portanto, é necessário um bom isolamento relativo, independente de onde esteja realizando o procedimento.
Para saber mais detalhes sobre a técnica e tipos de materiais que devem ser utilizados, não deixe de assistir o curso da professora Soraya Leal!
Instrumentos adequados
Para uma remoção de tecido cariado efetiva, os instrumentos utilizados, como as curetas, devem estar em boas condições e afiadas. Para essa técnica, alguns cuidados devem ser tomados para escolha dos instrumentos. Por exemplo: curetas sem angulação não serão efetivas para remoção de tecido cariado abaixo de uma cúspide. Por isso, é importante ter diferentes tamanhos e angulações para se adequar em todas as cavidades.
Kit ART
Já existe no mercado alguns Kits próprios para ART, como esse da marca Duflex. Já adiantamos que não é necessário ter esse kit em específico para você realizar o ART. Porém, facilita na escolha e pode agilizar os seus atendimentos. Além das curetas (escavadores) em diferentes formatos e angulações, esse kit conta com um instrumento para inserir e esculpir o CIV na cavidade, além de instrumentos que auxiliam na abertura da cavidade.
Quando há um esmalte socavado, ou então pouca retenção para o material é necessário ampliar um pouco a cavidade. Para isso, podemos utilizar o “Opener ART”. Além de melhorar na retenção do material, possibilita melhor penetração dos escavadores para a remoção de tecido cariado. O seu desenho em formato de cone é ideal para esse passo do protocolo.
Você pode acessar toda a descrição e desenho dos materiais nesse link. Além disso, aqui você também tem as instruções de como manter esses instrumentos afiados da maneira correta e como esterilizar.
Por fim, fica evidente que o ART tem suas inúmeras vantagens. Com um bom diagnóstico, protocolo bem executado e materiais corretos, o sucesso clínico das restaurações é esperado!
Como disse a professora Soraya Leal em seu curso, ainda precisamos desmistificar esse tratamento para muitos dentistas e desassociar a ideia de um tratamento provisório ou até “malfeito”. A utilização de materiais adequados pode tornar os atendimentos mais ágeis e efetivos.
Como todos os procedimentos, é necessária uma capacitação do profissional e da equipe para realizar os protocolos da melhor forma! Espero que tenha tirado todas as suas dúvidas se o ART é uma boa opção de tratamento!
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Abraços!
Por Rafaella Hochuli.
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