Você avalia os fatores associados ao bruxismo infantil com cautela na sua consulta inicial como odontopediatra ou simplesmente confia no relato dos pais para fazer o diagnóstico de bruxismo?
Você sabia que a prevalência do bruxismo infantil pode variar de 3,5 a 40,6% (Manfredini et al, 2013)? Essa variabilidade no percentual de prevalência do bruxismo do sono pode ser explicado pela dificuldade de percepção dos pais em relação ao bruxismo infantil.
É comum que os filhos durmam em quartos separados dos pais, o que dificulta a percepção do “ranger de dentes” pelos mesmos. Portanto, o relato dos pais não deve ser o único fator levado em consideração na hora de diagnosticarmos o bruxismo infantil.
Além do relato dos pais, é importante que o profissional observe as características clínicas do paciente e questione os fatores que podem estar associados ao bruxismo durante a anamnese.
Entre as características clínicas comumente associadas podemos citar as facetas de desgaste, edentações na língua e/ou bochechas ou mesmo a hipertrofia muscular. Porém outros fatores devem ser questionados na anamnese quando se busca o diagnóstico do bruxismo do sono em crianças.
Na anamnese, perguntinhas simples podem nos levar ao “provável” diagnóstico de bruxismo (já que o diagnóstico definitivo se daria somente com exames específicos como o polissonografia, o que não se faz necessário na grande maioria dos casos).
O que devemos questionar na anamnese?
- Qual o tipo de alimentação da criança? O padrão alimentar é importante, já que carboidratos ou açúcares podem ser estimulantes.
- A criança faz uso de algum medicamento? Medicamentos como a ritalina são considerados fatores de risco para o bruxismo.
- A criança possui problemas respiratórios? Doenças como rinite e sinusite também são consideradas fatores de risco para o bruxismo noturno.
- Qual horário de sono da criança? Crianças com cronotipo noturno (dormem tarde e acordam tarde) possuem maior chance de apresentar bruxismo do sono.
- Há queixas de dores musculares?
A importância de avaliar os fatores associados é que através dos mesmos podemos entender porque a criança está fazendo bruxismo e assim definir a conduta terapêutica mais adequada.
Portanto, ao fazer uma consulta de rotina em crianças, não esqueça de observar os passos importantes para o diagnóstico do bruxismo noturno:
- Coletar o “relato dos pais”
- Observar as características clinicas que podem estar associadas
- Investigar os fatores associados ao bruxismo na anamnese
Além de avaliar as implicações clínicas do bruxismo do sono e seus fatores associados, a frequência com que a criança faz o bruxismo também pode influenciar a conduta clínica do profissional. Por exemplo, uma criança que faz bruxismo do sono mais de três vezes por semana apresenta alta frequência, sendo que nesses casos os efeitos adversos do bruxismo podem ser mais significativos, o que pode fazer com que o profissional opte por utilizar uma placa interoclusal como parte da abordagem terapêutica, além de encaminhamento para outros profissionais caso necessário.
Pronto, depois de observar e anotar tudinho você estará mais seguro para definir a conduta terapêutica adequada para o caso na consulta inicial do bruxismo do seu paciente.
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Abraços e até a próxima.
Por Juliana Pereira.