A Odontologia começou estudar erosão por volta dos anos 40, ou seja, é um tema que já foi bastante pesquisado, mas será que ainda existem dúvidas sobre essa patologia? E ainda, será que já acomete tão cedo o indivíduo que precisamos nos preocupar com a Odontopediatria? A resposta é SIM.
Hoje a maior preocupação é como prevenir e nenhuma especialidade é mais indicada para isso do que a Odontopediatria. Além disso, a preocupação vai além, com atenção em como conduzir casos de erosão dental desde os primeiros sinais clínicos. Um dos motivos para toda essa preocupação desde cedo é que com a diminuição da cárie dentária foi possível observar a erosão dental desde estágios iniciais até mais avançados.
No passado era raro o paciente apresentar somente erosão dental, já que muitas vezes os dentes chegavam descaracterizados pela progressão da doença cárie. Porém, de 2010 em diante notou-se que existia essa demanda e preocupação. Afinal, qual o papel do cirurgião-dentista? Será que é importante identificar os fatores etiológicos e características clínicas desde a dentição decídua?
Sim! O Odontopediatra vai ser o primeiro profissional a observar tanto pela anamnese bem como pelo exame clínico. E muitas vezes a erosão vai estar associada a outras doenças que não serão tratadas pelo Odontopediatra mas diagnosticadas por ele. Se você quiser relembrar e ler um resumo sobre erosão antes mesmo de seguir esta leitura que será um guia de tratamento, click aqui e acesse o outro texto de blog escrito pelas mesmas autoras.
- 1º passo: Investigação começa na anamnese
- 2º passo: Saber “enxergar” o que se está observando
- 3º passo: Registrar
- 4º passo: Trabalhando em equipe
- 5º passo: Retornos periódicos e acompanhamentos
5 passos para simplificar e melhorar o atendimentos dos pacientes infantis com erosão dental
1º passo: Investigação começa na anamnese
Primeiro vamos lembrar que a erosão dental é um desgaste da estrutura dentária, tanto esmalte quanto dentina, sem ação bacteriana, podendo ser por meios extrínsecos (alimentação) ou intrínsecos (sistema gastresofágico). Sabendo disso, o fator etiológico mais significativo da erosão dental é a alimentação e obter um diário alimentar (independente se será recordatório ou de dias seguintes) é muito essencial para mapear esse fator. Então, no primeiro encontro, no momento da anamnese é que começa seu diagnóstico.
2º passo: Saber “enxergar” o que se está observando
A erosão pode se dar por atrição ou abrasão e é importante sabermos a diferença para guiarmos o plano de tratamento. Diagnóstico clínico é fundamental para observar os impactos dos fatores etiológicos que já foram observados durante a anamnese. Algumas características clínicas são exclusivas de cada patologia, e por isso, prestar atenção ao que se observa clinicamente é fundamental. Para mais detalhes e fotos clínicas dessas características acesse o curso Erosão Dental em Odontopediatria no site www.academiadaodontologia.com.br.
3º passo: Registrar
Sim! Devemos anotar, fotografar, desenhar ou algo que nos faça lembrar da condição clínica observada na consulta inicial. Por qual motivo? Muitas vezes a erosão dental é silenciosa, e com isso não observamos se está em evolução ou não. É importante observar e comparar registros no retorno do paciente se houve aumento ou não do desgaste dental. Qual objetivo disso? Saber se seus retornos estão com tempo suficiente para o controle ou não.
4º passo: Trabalhando em equipe
Uma vez que a erosão dentária tem etiologia extrínsecas ou intrínsecas, vários profissionais são contactados para ajudar no tratamento, como por exemplo nutricionista, gastro e psicólogo. É importante conhecermos profissionais que confiamos e possamos trabalhar em conjunto para que o andamento do tratamento seja o mais completo possível. Na Odontopediatria precisamos ter profissionais capacitados e que ainda tenham atendimento voltado para crianças e se possível os outros profissionais terem a mesma especialidade. Após a investigação dos fatores etiológicos pode ser que haja necessidade de outro profissional para conduzir o tratamento.
5º passo: Retornos periódicos e acompanhamentos
Você acha que os retornos periódicos de pacientes com erosão dental serão da mesma forme que os outros pacientes? Depende!
Devemos observar qual é o nível do desgaste dentário, se houve encaminhamento para outro profissional e se existe queixa de sensibilidade dentária. Pode ser que os retornos periódicos devam ser mais frequentes, isso será determinado pela soma de fatores observados na anamnese, exame clínico e conduta clínica. Mais frequente pode ser de 3/3 meses ou até mesmo mensal. No primeiro momento a sugestão é intervalos menores, assim você pode ir aumentando com o tempo sem prejuízo ao paciente.
Esses são alguns pontos importantes que devem ser levados em consideração na condução do atendimento de pacientes infantis com Erosão dental.
É importante lembrar que desenvolvemos esses passos com base em evidências científicas e deixamos como uma sugestão para auxiliar durante o atendimento.
Um abraço e bons estudos!
Autoras:
Josi Pezzini e Carla S. Pereira