O período gestacional traz preocupações ao cirurgião dentista, e uma das mais comuns é a administração de medicamentos no atendimento de gestantes. E não se engane, é uma preocupação pertinente! Isso porque, durante a gravidez, alguns fármacos apresentam a capacidade de atravessar a barreira placentária e serem metabolizados pelo feto.
Nesses casos, é importante que o dentista conheça o mecanismo de ação dos fármacos e leve em consideração os riscos e benefícios da sua prescrição, para a correta indicação. Sendo assim, quais medicamentos eu posso usar sem causar prejuízo na formação do bebê?
A FDA (Food and Drug Administration) categorizou os medicamentos em A, B, C, D e X, conforme o risco que podem causar para o bebê quando utilizados durante a gestação.
Categorias que iremos abordar:
Categoria A
São os medicamentos que não apresentam risco à gravidez e ao bebê. Nenhum está relacionado ao uso odontológico. São as vitaminas e ácido fólico, em doses adequadas.
Categoria B
Os medicamentos listados nessa categoria não indicam risco ao bebê, logo, podem ser prescritos com cautela. Na tabela que será apresentada, os fármacos recomendados para cada classe de medicamentos estão presentes nessa categoria.
Categoria C
Os medicamentos incluídos nessa categoria são considerados como de risco, pois podem oferecer efeitos teratogênicos ou serem tóxicos para o feto. No segundo e terceiro trimestres da gestação, a betametasona e dexametasona pertencem a essa classificação. Além delas, a nistatina, comumente receitada nos casos de candidíase oral, também participa da categoria C.
Categoria D
A prescrição de medicamentos pertencentes a essa categoria para o atendimento em gestantes são considerados como de alto risco, devendo ser evitadas. A betametasona e a dexametasona, quando prescritas no primeiro trimestre da gestação, são classificadas nessa categoria. O midazolam e a classe de benzodiazepínicos também participam da categoria D.
Categoria X
Os medicamentos incluídos nessa categoria são considerados como de perigo, pois o risco supera qualquer possível benefício.
Alguns estudos apontam o metronidazol como pertencente à essa categoria durante o primeiro trimestre da gestação. Porém, o FDA não é enfático sobre esses resultados e considera a Categoria B como a mais aceita para esse medicamento. Nesses casos, caso haja outro medicamento mais seguro e bem indicado para a situação, preferir pela substituição durante esse período da gravidez.
Na tabela a seguir, estão listadas as classes mais prescritas na odontologia e os fármacos correspondentes, considerados seguros quando prescritos em doses adequadas.
Classe | Medicamento |
Analgésico | Paracetamol |
Antibióticos | Amoxicilina, Azitromicina, Clindamicina, Eritromicina, Ampicilina |
Anti-inflamatórios não esteroidais | Contraindicada a prescrição no TERCEIRO trimestre |
Anti-inflamatórios esteroidais | Evitar a prescrição durante toda a gestação |
Uso do fluoretos em gestantes
Como na odontologia é comum a utilização de fluoretos na conduta de tratamentos e como método preventivo, é importante ressaltar que a aplicação tópica de flúor é considerada segura. A utilização de flúor sistêmico não está indicada, pois não traz benefícios.
Sentiu falta dos anestésicos locais? É só acessar o post Anestesia em gestantes, qual a real segurança?, da professora Ângela Giacomin e ler mais sobre o assunto.
Espero que tenha solucionado suas dúvidas sobre o atendimento em gestantes!
Abraços.
BRIGGS, Gerald G.; FREEMAN, Roger K.; YAFFE, Sumner J. Drugs in Pregnancy and Lactation: A Reference Guide to Fetal and Neonatal Risk. ed. revisada Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2008. 2117 p.
ANDRADE, Eduardo Dias de et al. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2014. 238 p.
Por Natália dos Santos.