De quanto em quanto tempo devemos fazer controles radiográficos de rotina? E qual exame pedir? Estas dúvidas permeiam desde os profissionais menos experientes aos mais experientes, às vezes, a dificuldade também está em estabelecer protocolos em seus atendimentos. Na minha rotina, acho que o mais valioso nos atendimentos é justamente a capacidade do profissional individualizar, estabelecer um plano de controle personalizado, mas como fazer isso baseado em evidência?
- Então, qual exame de imagem solicitar para crianças com dentição decídua, mista e permanente jovem em uma primeira consulta?
- De quanto em quanto tempo devo solicitar exame de imagens para pacientes em acompanhamento?
- Agora, vamos refletir um pouco mais
- O que isso implica na nossa rotina clínica?
O que vamos conversar neste post:
Quando radiografar em odontopediatria?
Qual exame de imagem solicitar para crianças com dentição decídua, mista e permanente jovem?
De quanto em quanto tempo devo solicitar exame de imagem para pacientes em acompanhamento?
Quando pedir radiografias interproximais?
Quando comecei a lecionar para especialização via que a primeira dificuldade era saber qual exame complementar pedir, para que este exame pudesse trazer as respostas das dúvidas clínicas presentes.
Depois, com estas imagens em mãos, as dúvidas passavam a ser o diagnóstico em si. Mas a questão que sempre fica é… A imagem fornecerá informações adequadas que influenciarão positivamente a seleção do melhor tratamento? Esta dúvida, vamos discutir ao longo do texto, mas sugiro que ela fique sempre com vocês, a cada exame que for solicitado.
Então, qual exame de imagem solicitar para crianças com dentição decídua, mista e permanente jovem em uma primeira consulta?
Não existe uma receita, mas a sugestão da AAPD1 nos dá um direcionamento muito bom. Eu a utilizo como base, e a partir das especificidades individuais eu aumento ou diminuo o tempo de controle. Mas sim, este é um ótimo começo para ter sua clínica baseada em evidência, com uma pitada generosa de bom senso. Para pacientes novos com dentição decídua, sugere-se que se avalie as superfícies diretamente, por muitos casos apresentarem contatos ainda abertos, a radiografia é dispensável, caso este contato já esteja fechado, podemos solicitar radiografias interproximais e, pontualmente, periapicais caso indicação clínica, por exemplo, a queixa de dor, presença de fístula e/ou abcesso. Já para pacientes em fase de dentição mista, usamos a mesma regra para interproximais e periapicais, e adicionamos uma radiografia panorâmica. Seguindo esta mesma lógica, para pacientes novos com dentição permanente jovem, interproximais, periapicais pontuais e panorâmica. Lembre-se, perguntar se o paciente tem exame recente evita uma nova exposição, e acelera o processo de diagnóstico.
De quanto em quanto devo solicitar exame de imagens para pacientes em acompanhamento?
Bem, neste caso de acompanhamento temos um conhecimento muito melhor sobre o nosso paciente e como foi a evolução dele até o momento do controle. A individualização aqui deve prevalecer, então a sugestão é que para pacientes sem risco e sem atividade identificados as radiografias interproximais devem ser realizadas em intervalos de 12 a 24 meses se as superfícies proximais não puderem ser examinadas visualmente ou com uma sonda. Já os pacientes com atividade e risco, este intervalo diminui para 6 a 12 meses.
Agora, vamos refletir um pouco mais…
A interpretação das radiografias faz parte do diagnóstico, tratamento e proservação e, embora todos usemos rotineiramente este método, a visualização das alterações nos oferecem muitos desafios. A partir deste contexto, um grupo de pesquisadores desenvolveram um estudo com objetivo de avaliar o impacto da complexidade das lesões traumáticas no desempenho do diagnóstico radiográfico dos odontopediatras, e investigar um possível valor agregado da tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) quando comparada com a radiografia convencional.
E eles observaram que, no geral, houve um baixo desempenho dos odontopediatras na identificação dos achados, tanto em imagens radiográficas, quanto tomográficas. À medida que dos casos ficaram mais complexos, o desempenho foi ainda pior, tanto para casos fáceis quanto para casos difíceis, a imagem tomográfica resultou em um desempenho significativamente melhor para detecção de achados. Quando avaliado os casos mais difíceis, a interpretação correta das imagens significativamente pior, ao usar imagens 3D.
O que isso implica na nossa rotina clínica?
A opção por radiografia ou tomografia para alguns casos são sempre tema de dúvida, além de considerarmos a exposição do paciente, temos que entender o quanto estas informações influenciarão positivamente a seleção do tratamento. O que fica claro com este estudo é que a falta de conhecimento e experiência em diagnóstico radiográfico não é compensado por um exame mais complexo. Ou seja, quando a imagem 3D é considerada, o dentista deve ter experiência suficiente na leitura dessas imagens e estar envolvido no processo de diagnóstico
E aí nós temos que entender que, exame complementar… é complementar! Primeiro anamnese, com ênfase para a queixa e histórico, depois exame clínico detalhado e identificação de risco. Aí sim, podemos discutir sobre exames complementares.
Por Angela Giacomin
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