O que a dentística restauradora, aquela que deixa os sorrisos dos adultos lindos e maravilhosos, tem relação com a odontopediatria? A resposta é TUDO!
Sabemos que a especialidade Odontopediatria é uma “clínica geral” e por isso os especialistas estudam quase todas as áreas da odontologia para atender um único paciente na grande maioria das vezes em dentes decíduos, popularmente conhecidos como “dentes de leite”.
Especialidades essas como endodontia (tratamento de canal), cirurgia (exodontias, ulectomias e frenectomias), estomatologia (diagnósticos de lesões), ortodontia (crescimento facial), dentística (restaurações), periodontia (gengivite). Mas e quando os adolescentes continuam frequentando o nosso consultório, odontopediatras, porque sim ainda é nosso público, e tem um dente que já não é “mais de criança” e sim dente de adolescente que é um dente permanente fraturado? Podemos atendê-los? Devemos atendê-los? A resposta é SIM, desde que saibamos o protocolo correto para este tipo de tratamento.
Dentes anteriores fraturados em crianças/adolescentes é um desafio clínico que aparece bastante no consultório e o tratamento aborda corrigir a parte biológica, funcional e muitas vezes estética. Por tratar de um atendimento em pacientes jovens, crianças, e ainda em situações emergenciais, é normal os pais procurarem especialistas dessa faixa etária e não especialistas de pacientes adultos pois o manejo do comportamento, ou seja, a forma de atendimento com crianças/adolescentes pode precisar de um diferencial psicológico ( o famoso “jeito de tratar crianças”). Se na especialidade em si não tem treinamentos específicos para isso, é necessário aprendermos com quem faz esse tratamento em adultos e transformar esses protocolos para o atendimento no paciente infantil.
- Tipo de fratura
- Prevalência da fatura dental
- Pontos importantes para um correto planejamento
- Como tratar uma fratura classe IV
Tipo da fratura
Dependendo do trauma, existem vários tipos de fraturas e a nomenclatura utilizada em odontologia depende do tipo da fratura, sua abrangência e forma. Podem ser: fratura de esmalte, esmalte e dentina (provavelmente com sensibilidade nestes casos), com envolvimento pulpar (dependendo dessa amplitude há necessidade de terapia pulpar), invasão do espaço biológico (subgengival, que muito provavelmente nesses casos vai precisar do trabalho de alguns especialistas: dentística, periodontista, cirurgião e odontopediatra). A famosa Fratura classe IV é a clássica fratura em dentes permanentes em pacientes jovens que é o envolvimento da borda incisal e o ângulo incisal, formando uma linha inclinada, podendo ou não comprometer a estrutura subgengival.
Prevalência da fratura dental
As fraturas dentais são mais comuns na dentição permanente e acontece ou já aconteceu em 25% da população. É mais frequente no sexo masculino e ser relacionado com quedas, esportes de contatos ou acidentes automobilísticos.
Pontos importantes para um correto planejamento
Tratar uma criança ou um adulto, partindo do princípio de protocolo clínico do material, é o mesmo tratamento, e é preciso sim personalizar essa consulta. Uma anamnese bem realizada, um Rx de boa qualidade, um modelo de gesso para estudo e documentação radiográfica para que não tenha “desculpas” no decorrer do tratamento por surpresas não diagnosticadas anteriormente.
Pontos importantes: alteração de cor (lembrando que dentes traumatizados tem chances de sofrerem alteração de cor pós trauma), sensibilidade dentinária (isso pode nos direcionar para uma possível necrose pulpar), proximidade com a polpa, comprometimento funcional (o terço incisal serve para cortarmos os alimentos, e essa função precisa ser restabelecida). Além disso, idade do paciente, há quanto tempo do trauma, armazenou (corretamente) o fragmento para pensar na possibilidade de utilizá-lo na reconstrução, procurou atendimento imediato.
Como tratar uma fratura classe IV
Antes do protocolo propriamente dito, é necessário observarmos alguns pontos bem importantes.
Se houve envolvimento pulpar: talvez um trabalho conjunto com endodontista pode ser de grande importância, pois eles têm mais experiências em acompanhar o quadro pulpar mais do que você. Neste ponto devemos nos preocupar com “eliminar a infecção” e “reduzir a inflamação”.
Se houve envolvimento periodontal: precisamos expor a linha de fratura para que melhore a adesão do material na parte restauradora e restabelecer as distâncias biológicas, e isso precisa ser antes da dentística.
Se houve remanescente dental: este é o último pensamento depois dos 2 pontos anteriores. Essa é a hora de restaurar a forma e função do dente e a estética respeitando as particularidades da anatomia do dente permanente que são muitas.
Há duas maneiras de restaurar os dentes permanentes traumatizados. Pode ser feito diretamente reconstruindo, desenhando o dente com resina composta ou ainda uma colagem do fragmento do próprio dente, ou seja, SIM pode ser utilizado o fragmento. Neste ponto específico, os odontopediatras podem ajudar e muito na orientação aos pais sobre como manter o remanescente dental fraturado pois ele pode ser muito ÚTIL no processo restaurador. Caso o fragmento não seja realmente utilizado como colagem, ele pode ser usado como molde para a restauração propriamente dita.
Na Academia da Odontologia tem um curso com passo a passo tanto para a reconstrução do dente como os pontos principais que devemos observar caso decidamos tratar o paciente.
Lembre-se: não precisa fazer tudo, atender tudo e sermos bons em tudo, mas basta fazer o nosso melhor e se for preciso encaminhe para colegas bem capacitados para tratar o melhor possível o seu paciente, ele será eternamente grato a você.
Por Carla S. Pereira
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