Um estudo clínico randomizado conduzido pela Dra. Jessica C. Barasuol na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) como parte de sua de Defesa de Doutorado em Odontologia em maio de 2019, orientado pelas Professoras Michele Bolan e Mariane Cardoso, avaliou o desempenho das limas endodônticas manuais e mecanizadas no preparo endodôntico de dentes decíduos. Em parceria com a Academia da Odontologia, a Dra. Jéssica preparou um e-book de endodontia mecanizada em dentes decíduos. Vamos conferir?
Os resultados mostraram que tempo do preparo químico-mecânico reduziu em média 7 minutos com o uso das limas rotatórias e que não houve diferença entre as limas manuais e rotatórias em relação ao comportamento da criança durante o preparo, dor e uso da medicação após o tratamento endodôntico e também nível apical da obturação .
Diante dos resultados do estudo nos perguntamos: será que a endodontia mecanizada também pode ser utilizada como rotina em dentes decíduos? O que hoje podemos concluir é que independente da técnica endodôntica utilizada, o sucesso no tratamento endodôntico depende da execução adequada de cada etapa no processo, variando desde a indicação correta para o procedimento, a técnica, até o acompanhamento clínico e radiográfico do dente acometido (AAPD, 2014; SMAÏL-FAUGERON et al., 2018).
Confira os comentários da Dra. Jessica Barassuol sobre a técnica endodôntica mecanizada:
Dentre as técnicas executadas durante o tratamento está o preparo químico-mecânico, que é responsável pela desinfecção dos canais radiculares, ou seja, a remoção de bactérias, tecidos necróticos e restos de alimento quando o dente está exposto à cavidade bucal (FUKS e PERETZ, 2016).
Para realização do preparo químico-mecânico, o uso de limas manuais ou mecanizadas está indicado, tanto para o tratamento endodôntico em dentes decíduos ou permanentes.
As limas endodônticas devem proporcionar um canal com regularidade, sem perfurar as raízes, nem realizar desvios ou gaps, além de ter um tamanho compatível com a abertura de boca das crianças e apresentar um bom tempo de trabalho.
As limas mecanizadas são fabricadas, em sua maioria, a partir do Níque-Titânio (NiTi) com diferentes tratamentos térmicos e de superfície, que proporcionam maior flexibilidade e por isso tendem a permanecer no centro do canal radicular, sem desviar ou formar gaps, resultando em regularidade no preparo, além de apresentarem um tempo de trabalho menor quando comparadas as limas manuais (PINHEIRO et al., 2012; RADHIKA et al., 2017; ALSHWAIMI, 2018).
A escolha da lima mecanizada deve ser feita com cautela, pois a anatomia dos dentes decíduos é diferente do dente permanente. As raízes dos dentes decíduos apresentam regiões de reabsorção, tanto fisiológica quanto patológica, que levam a uma espessura menor de dentina, favorecendo às perfurações (AHMED, 2013). Ainda, o germe do dente permanente, normalmente, fica localizado entre as raízes dos molares decíduos ou na face palatina dos caninos e incisivos decíduos, regiões estas que também apresentam reabsorções fisiológicas (AHMED, 2013).
Por isso, é importante que se faça a correta odontometria dos canais radiculares para que não haja sobreinstrumentação (AHMAD e PANI, 2015), e também a escolha de uma lima mecanizada com taper (conicidade) adequado, o que resulta em tapers menores que 0.04mm (SELVAKUMAR et al., 2016).
A endodontia mecanizada em dentes decíduos não é a realidade para todos os odontopediatras, porém a habilidade na realização da mesma pode reduzir o tempo de cadeira do seu paciente.
Contudo não vamos esquecer que independente da técnica escolhida é importante ser criterioso na realização de cada etapa do procedimento.
Preencha o formulário abaixo para baixar o e-book com o passo a passo de endodontia mecanizada em dentes decíduos!
Imagens e texto cedidos pela Dra. Jéssica C. Barasuol (@jessicabarasuol).
Abraços.
Por Carla S. Pereira.
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