Nos últimos 10 anos os estudos sobre frenectomia tem aumentado, segundo “Web of Science”. Já se sabe que há diversos prejuízos que a anquiloglossia pode causar, como dificuldades na amamentação, distúrbios de fala, higiene bucal e bullying. Portanto, a frenotomia ou frenectomia deve ser realizada, dependendo da indicação. Muitos Odontopediatras ainda se sentem inseguros para realizar o procedimento por vários motivos. Por isso, manter-se atualizado, seguro das técnicas e preparado para manejar o pré, trans e pós-operatório é fundamental.
- Planejamento cirúrgico
- Passo a passo – frenectomia
- Cuidados pós-operatórios
- Intercorrências e como resolver
Planejamento cirúrgico
Após a avaliação, diagnóstico e orientações aos pais, é importante atentar para o planejamento cirúrgico propriamente dito. Ainda existe na Odontopediatria a ideia de que, por ser crianças, os instrumentais podem ser adaptados ou então que é algo simples. No entanto, a falta de algum material pode prejudicar o andamento do procedimento. Portanto, uma dica é ter sempre o checklist de materiais para cada procedimento, assim está sempre a disposição em casos de cirurgias de emergência e o transoperatório mais agilizado. No curso do Prof. Marcos Ximenes da Academia da Odontologia, a lista de materiais e montagem de mesa clínica para frenotomia e frenectomia estão disponíveis. Além disso, conhecer a anatomia é um requisito básico para o procedimento, a região do freio lingual ser altamente vascularizada. Por isso, é importante ter materiais para sanar possíveis intercorrências, como fio de sutura e gaze a disposição.
Passo a passo – Frenectomia
Este passo-a-passo é indicação do Prof.Marcos Ximenes contextualizado no curso de frenectomia da Academia da Odontologia. Primeiramente, a mesa clínica deve estar devidamente montada. Caso o procedimento não seja realizado sob sedação endovenosa ou anestesia geral, o anestésico tópico deve ser aplicado. Depois de aguardar o tempo necessário, realizar o bloqueio do nervo alveio inferior, bilateralmente, e então, a anestesia infiltrativa local no assoalho lingual. Um fio de sutura deve ser transfixado na ponta da língua. Outra alternativa é utilizar uma gaze para que a auxiliar possa tracionar a língua durante o procedimento. Utilizando uma lâmina 15c ou tesoura íris, realizar uma incisão no frênulo. Entrar com uma tesoura Metzembaum fechada e depois abrir para divulcionar os tecidos e evitar recidivas. Muita atenção com as estruturas anatômicas, como as carúnculas linguais, para não causar nenhuma sequela. Por fim, suturar com fio absorvível. Orientar a família sobre os cuidados pós-cirúrgicos.
Cuidados pós-operatórios
Como todas as cirurgias, é importante conversar com a família sobre os cuidados pós-operatórios. Dentre eles, orientar sobre a alimentação, higiene e cuidados para controlar a hemorragia. Fazer a prescrição de medicamentos analgésicos para evitar o incômodo da criança. Reforçar sobre a necessidade da terapia fonoaudióloga para o sucesso do tratamento.
Intercorrências e como resolver
Sempre há riscos relacionados aos procedimentos, e ao mesmo tempo, é necessário tomar algumas medidas para minimizá-los. E se acontecer, apesar de todos os cuidados, é preciso estar preparado para resolver. Por isso, alguns deles que o professor Marcos enfatiza no curso, tanto como evitar como solucionar, estarão elencados aqui para sempre lembrar:
Sangramento – promover a hemostasia por meio de gaze, sutura hemostática e manter o paciente em posição mais vertical para evitar deglutição;
Dor – atenção nos cuidados pós-operatórios, anestésicos e sedativos, além de controlar a inflamação local;
Ardência e fibrose – trabalhar em conjunto com a terapia fonoaudióloga e verificar necessidade de nova intervenção;
A anquiloglossia é uma condição que pode trazer prejuízos em diferentes fases da vida. A intervenção deve ser realizada de maneira eficaz, idealmente em uma única abordagem. A língua possui diversas estruturas anatômicas próximas de grande importância, portanto o conhecimento delas é essencial. Um bom planejamento, com todos os materiais necessários disponíveis e dominar a técnica torna o transoperatório mais tranquilo e seguro. Para o pós-operatório, frisar os cuidados e orientar para que a terapia conjunta com fonoaudiologia seja realizada é essencial para o sucesso. E por fim, estar preparado para possíveis intercorrências, sabendo evitá-las e solucioná-las, caso necessário. Dessa forma, a frenectomia torna-se um procedimento tranquilo e resolutivo!
por Rafaela Hochuli
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