Afinal, qual deve ser a conduta clínica diante a impacção do primeiro molar superior permanente? Quem atende crianças certamente já se deparou com a impacção do primeiro molar permanente, ou por observar somente a irrupção distal desse dente, ou por uma tomada radiográfica no primeiro período transitório.
E diante dessa situação clínica, o que devemos fazer?
A literatura já nos mostra que cerca de 70% das impacções de primeiros molares permanentes são reversíveis1,2, ou seja, corrigem espontaneamente sem nenhuma intervenção clínica, sendo que as demais, cerca de 30%, são ditas irreversíveis, são as que precisam de intervenção para correção da rota irruptiva através de algum dispositivo ortodôntico.
Sabe-se que diante das características de uma impacção reversível nossa conduta clínica deve ser acompanhar o paciente e avaliar a correção da rota do primeiro molar permanente dentro 3 a 6 meses3 através de radiografia interproximal.
Tudo bem Juliana, mas quais são as características que podem me sugerir uma impacção reversível ou irreversível?
Barberia-Leach E. e colaboradores2 conduziram um estudo observacional retrospectivo para avaliar os parâmetros que determinariam a chance de impacção reversível ou irreversível do primeiro molar permanente. Através da avaliação por meio de radiografias interproximais. As autoras sugerem que as impacções onde há reabsorção somente de cemento ou de dentina (sem exposição pulpar) tendem a ser reversíveis, sendo que impacções que apresentam exposição pulpar ou comprometimento da raiz mesial do segundo molar decíduo tendem a ser irreversíveis.
Apesar de não encontrarem correlação estatística entre o grau de reabsorção do segundo molar decíduos e a correção espontânea da rota do primeiro molar, 80% dos casos que não apresentavam comprometimento pulpar foram REVERSÍVEIS, o que nos sugere o uso deste parâmetro radiográfico para orientar nossa conduta clínica.
Imagem adaptada de Barberia L. et al., onde I e II ilustram característica radiográfica de impacção com maior probabilidade de ser REVERSÍVEL, enquanto III e IV ilustram característica de impacção IRREVERSÍVEL.
Claro que outros fatores também podem influenciar na correção espontânea da rota do primeiro molar permanente como: inclinação mesial do primeiro molar em relação ao plano oclusal, quantidade da crista marginal mesial do primeiro molar permanente “travada” no dente decíduo ou mesmo quantidade da impacção em mm (mensurada a partir de uma linha perpendicular ao plano oclusal)1, porém o grau de reabsorção do segundo molar decíduo se apresenta como um parâmetro de fácil avaliação para clínicos ou odontopediatras.
Para te auxiliar na conduta clínica diante da impacção do primeiro molar permanente, preparei um fluxograma que pode te ajudar. Para ter acesso ao fluxograma, basta preencher o formulário abaixo.
Bons estudos!
Referências:
1 Dabbagh B et al. Ectopic eruption of the Permanent Maxillary First Mlar: Predictive Factors for Irreversible Outcome. Pediatric dent, 2017; 39 (3) 215-18.
2 Barberia-Leach E, Suarez-Clúa MC, Saavedra-Ontiveros D. Ectopic Eruption of the Maxillary First Permanent Molar: Characteristics and Occurrence in Growing Children. Angle Orthod 2005; 75:610-615.
2 Kennedy DB, Turley PK. The clinical management of ectopically erupting first permanent molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1987;92:336-45.
Por Juliana Pereira Andriani.
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