O medo e a ansiedade são desafios frequentes nos consultórios odontológicos. Há quem diga que somente crianças tem medo de dentista, mas todos sabemos que muitos adultos frequentemente desmarcam consultas, prorrogam tratamentos e deixam de frequentar o consultório por medo e ansiedade. A gestão destes fatores requer sensibilidade e dedicação, e as técnicas para o controle do medo e da ansiedade são diversas.
Pesquisadores conduziram um estudo onde avaliaram o medo e a ansiedade de 196 crianças em dois momentos, inicialmente aos sete anos, e depois aos 9 anos através de um questionário direcionado aos pais, que avaliou a origem, educação materna, se a criança já teve dor de dente e se os pais tinham medo de dentista; seguidos pelo exame clínico bucal e avaliação da ansiedade da criança.
No questionário (CFSS-DS) utilizado para avaliar o medo e a ansiedade, os itens relacionados ao medo de injeções, perfuração e engasgo foram os itens com as pontuações mais altas. Sendo que com o passar do tempo, notou-se o aumento do medo da perfuração, o medo de engasgar, a necessidade de ir ao hospital e da profilaxia.
As crianças cujos os pais relataram medo e ansiedade de dentista tiveram 4 vezes mais chances de também apresentar. Da mesma forma, a dor de dente e a presença de cárie aumentou em 4 vezes o medo e a ansiedade, já a experiência de um tratamento doloroso aumentou em 5 vezes.
E o que o clínico pode extrair disso?
- Investigue a relação dos pais com o medo e a ansiedade do tratamento odontológico; atue nesta causa!
- Instigue a prevenção para além da possibilidade de não ter cáries, os pais precisam saber dos benefícios da prevenção também contra o medo e ansiedade 😉
- A possibilidade de engasgar ou engolir alguma coisa não é relatado pelos pacientes, ofereça segurança durante o procedimento… Percebemos que sempre que usamos o isolamento absoluto a agitação diminui e a confiança aumenta, será também por isso?
- O tratamento doloroso pode ser evitado com muitas técnicas aliadas a uma anestesia bem executada; tenha possibilidades a oferecer ao seu paciente, conheça os métodos de distração, atue com recursos audiovisuais, tenha a disposição métodos farmacológicos de controle de comportamento… Desta forma, evitaremos experiências dolorosas e traumáticas.
Dahlander A, et al. Factors Associated with Dental Fear and Anxiety in Children Aged 7 to 9 Years. Dent J (Basel). n.7, v. 3, Jul. 2019.