Hoje o nosso tema é “Consulta inicial em Odontopediatria” e eu separei alguns pontos que considero bem importantes para você se diferenciar frente a este primeiro encontro (que por sinal, é assim mesmo que eu faço no meu dia-a-dia clínico).
Na especialidade de Odontopediatria a consulta inicial é o momento mais relevante para se estabelecer o elo de confiança, e você sabe o porquê? Porque além de nos comunicarmos diretamente com os adultos (os responsáveis da criança), teremos a oportunidade de nos apresentar para o nosso paciente propriamente dito: a criança ou adolescente. Dependendo do contexto da procura ao especialista, é também nesse primeiro encontro que conseguimos estabelecer um programa de promoção de saúde, ou seja, desenhar e alinhar o principal objetivo: a prevenção da doença cárie e outras doenças bucais e assim a fidelização do paciente ao consultório. Com isso, damos oportunidade a mais uma criança a ter qualidade de vida com menor custo biológico e financeiro.
A primeira consulta do bebê, criança e/ou adolescente ao odontopediatra deve ser realizada assim que irromper os primeiros dentes decíduos, mais conhecidos como dentes de lente, assim preconizado pela Associação Brasileira de Odontopediatria e Associação Internacional de Odontopediatria.
- Primeiro contato
- Onde a criança fica nessa primeira consulta?
- Como aperfeiçoar o primeiro encontro?
- Manutenção Preventiva
Primeiro contato
Com relação ao primeiro contato propriamente dito, podemos fazer de diversas maneiras (aí você terá que analisar qual melhor se encaixa no seu perfil e na administração do consultório que você trabalha). Veja algumas opções:
Contato com a secretária: A responsabilidade de identificar o motivo da consulta é da secretária que deve anotar todas as falas da mãe ou responsável pela criança já na primeira ligação ou mensagem. Essa medida é essencial para se definir a estratégia de abordagem e levantar as principais informações a serem comunicadas pelo odontopediatra. Isso pode ser feito via formulário digital (link automático que é preenchido) ou até mesmo diretamente perguntando e anotando.
Contato com o Odontopediatra: Quando o paciente entra em contato para agendar uma consulta, apenas os dados principais são preenchidos e no encontro propriamente dito entre paciente e dentista é preenchido todo o relatório junto com a anamnese.
“Mas Carla, como é que você faz?” Eu deixo a secretária fazer essa primeira “entrevista” via telefone e depois na consulta eu enfatizo e confirmo se é isso mesmo. Como sempre a primeira consulta com a seguinte pergunta: “Como posso te ajudar? Me contaram que você está preocupada/o com tal situação…”. E assim, sigo a consulta.
Neste contexto, independentemente a forma de receber essa informação, é importante ainda identificar quem fez a indicação do consultório ao paciente, para se ter uma noção do tipo de informação que foi transmitida ao mesmo.
O tempo para a consulta inicial deve ser de no mínimo 60 minutos, afinal de contas, não vai ser em 15 minutos que iremos conseguir explicar o porque da doença estar instalada, ou motivo do trauma e consequências…enfim, não tem como fazermos uma boa e justificável explicação em pouco tempo (fatalmente isso está diretamente proporcional a qualidade da sua explicação e o quanto conseguiremos convencer a seguir o tratamento). Ao receber o paciente, o ideal é ser gentil e discreto, e isso eu digo que é “não nos colocarmos como superiores”; sugiro evitar diminutivos e fazermos elogios iniciais.
Onde a criança fica nessa primeira consulta?
Neste tópico também há diversas formas de agirmos. Algumas opções e justificativas são:
As crianças ficam na sala de espera: Se tivermos alguém para interagir com a criança, no primeiro momento podemos deixá-la confortável com brinquedos, isso automaticamente já a deixa mais confortável e criando em mente que aquele ambiente não é nada “obrigatório”, nada “chato” e é próximo a sua casa pois pode brincar. Consequentemente, conseguimos conversar com mais calma com os pais/responsáveis e até abordarmos situações como “necessidade de estabilização protetora e /ou sedação.
As crianças ficam juto aos pais/responsáveis durante a consulta: essa situação é propícia de acontecer caso tenhamos brinquedos ou objetos de interação para a criança neste mesmo ambiente, assim ela não fica entediada durante toda a consulta. Se optarmos por essa situação, o ideal é já avisar aos pais/responsáveis que venham em dois adultos, principalmente se a criança é muito pequena que precise de atenção 100% do tempo. Caso contrário, o responsável não conseguirá nos dar 100% da sua atenção pois ficará vigiando seu filho/a.
Atenção! A entrevista/conversa deve ser objetiva e norteada a levantar dados importantes não só a saúde bucal do paciente mas tamb;em referentes ao comportamento familiar e aspectos gerais pertinentes à criança que estarão diretamente ligados à dieta e higiene do paciente. Sabemos que em determinados momentos da vida, a criança aprender por imitação e consequentemente a rotina dos pais será a rotina da criança.
Como aperfeiçoar o primeiro encontro?
O uso de recursos visuais na consulta inicial é fundamental para comunicar o conceito de prevenção à doença e estabelecer estratégias de controle da consulta de manutenção periódica. Fotos, lâminas ( como por exemplo o uso da “Caixa Guia”), vídeos, televisão, slides, desenhos..todo e qualquer material que nos guie e torne as explicações mais didáticas é de extrema importância para este primeiro momento. Vamos lembrar que por mais que seja “simples” para nós, profissionais da área, a prevenção da doença cárie para os responsáveis do paciente, leigos, é algo novo e precisa ser explicado desde os elementos mais simples.
Por exemplo, é de extrema importância abordarmos o que é a estrutura dental, diferença entre dente decíduo (dente de lente) e dente permanente, esclarecimentos de orientações gerais referentes dieta e higiene, conceitos e consequências de defeitos de desenvolvimento dentário chegando até ao ponto em que fique muito claro o caminho que a criança vai percorrer no odontopediatria por toda vida e troca de dentição.
Outro ponto para valorizar nossa consulta é, após diferentes avaliações, pode-se entregar um diário alimentar de 24h na consulta inicial, e em um segundo momento entregar um projeto de manutenção de prevenção.
Manutenção preventiva
O objetivo maior da Odontopediatria é manter a criança em saúde por toda vida, afinal de contas, nossos pacientes não precisam ter “alta”, podem ficar conosco para sempre e isso depende da adesão da família no controle periódico. A consulta que chamamos de “manutenção preventiva” é fundamental para o sucesso profissional, nela se observa a prática de todos os recursos que foram discutidos na consulta inicial.
Se na consulta inicial foi colocado a prevenção como objetivo principal, deve-se agora utilizar os recursos ora demonstrados para motivar e prosseguir a conscientizar os pais e a criança. A subsequência da consulta de manutenção adota os mesmos conceitos da consulta inicial.
Ocorre ainda a avaliação da participação familiar no controle periódico, da escovação e da alimentação. Envolvendo também conforme necessidade, exame clínico, limpeza e aplicação de flúor.
Entregar um relatório por escrito de todos aspectos analisados durante a consulta pode ser interessante, como: irrupção dos novos dentes, possíveis alterações de desenvolvimento, condição da oclusão da criança, necessidades de intervenção ortodôntica. Informações dessa natureza pode ser entregue a cada consulta semestral (via on line ou impressa).
Hoje em dia, dispositivos de mensagem como o WhatsApp são muito utilizados para confirmar agendamento de consultas de revisão. Se o paciente não comparecer na consulta de manutenção no mês estabelecido, sugere-se enviar outra mensagem um mês depois. Além disso, é um ótimo meio para enviar vídeos do consultório, textos informativos, notícias principais.
Com o passar do tempo, os pais daqueles pacientes que retornarão para manutenção vão começar a notar resultados positivos no projeto de manutenção preventiva, como ausência de cárie e doença periodontal, perceberão ainda mais motivação da criança para cuidar dos seus dentes.
E, cada vez mais, os pacientes tendem a dar mais valor no investimento realizado para a saúde, no tocante ao trabalho do Odontopediatria e, por conseguinte, passa a valorizar a relevância da manutenção preventiva para manter a integridade dos dentes das crianças, todo esse contexto promove a satisfação e a fidelização do cliente ao consultório.
Por Carla S. Pereira
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