O uso de antibióticos na prática clínica é bastante usual quando se trata de conduta terapêutica de infecções já instaladas na odontopediatria. Porém há outra demanda, um pouco menos frequente, muito importante desses medicamentos: a profilaxia antibiótica. Você saberia quando indicar? E qual é o melhor antibiótico e a dose nesses casos? O guideline sobre esse assunto da AAPD traz informações bastante relevantes, veja a seguir.
· O que é profilaxia antibiótica?
. Quem deve fazer a profilaxia antibiótica?
· Quais procedimentos requerem essa profilaxia?
· Qual o medicamento e dose ideal?
O que é profilaxia antibiótica?
É natural que todas as pessoas tenham bactérias e outros micro-organismos como parte da flora bacteriana da cavidade oral. Além disso, quando há uma infecção, como lesão de cárie profunda e doença periodontal, os níveis de microrganismos estão mais altos. Em um organismo mais vulnerável, essas bactérias podem entrar com facilidade na corrente sanguínea (bacteremia) podendo levar a uma endocardite bacteriana. Para evitar essa disseminação microbiana no sangue, uma dose de antibiótico específica deve ser administrada antes de alguns procedimentos odontológicos.
Quem deve fazer a profilaxia antibiótica?
Pacientes que possuem vulnerabilidade de combater infecções devem ser submetidos a profilaxia antibiótica. Estão incluídos nesse grupo:
o condições cardíacas de alto risco;
o uso de imunossupressores;
o imunossuprimidos;
o recém transplantados;
Quais procedimentos requerem essa profilaxia?
O Guideline da AAPD elucida quando é necessário ou não realizar essa profilaxia com antibióticos.
· Sugerido Profilaxia Antibiótica:
o Todos os procedimentos que envolvam manipulação de tecido gengival ou da região periapical ou perfuração da mucosa oral
· Não sugere Profilaxia Antibiótica:
o Injeções anestésicas de tecidos não infectados;
o Tomadas de radiografias dentais
o Instalação de próteses dentárias removíveis
o Instalação de aparelhos ortodônticos
o Ajustes de aparelhos ortodônticos
o Colagem de brackets
o Esfoliação de dentes decíduos
o Sangramento labial ou de mucosa oral após traumatismos
Qual o medicamento e dose ideal?
O antibiótico de escolha é Amoxicilina por via oral. Quando há alguma impossibilidade de administração desse, deve ser substituído por outro que também tenha a ação necessária na prevenção da endocardite bacteriana. A Clindamicina foi sugerida por algum tempo, no entanto, já não deve mais ser utilizada nesses casos. A American Heart Association (AHA) removeu esse fármaco do seu guideline devido a reações de efeitos adversos frequentes e severos.
A profilaxia antibiótica deve ser realizada 30-60 minutos antes do procedimento, no entanto pode ser administrada até 2 horas depois do procedimento. A dose varia de para as crianças dependendo do peso. Já nos adultos é pré-estabelecida.
Quando há um risco maior de infecção ou um procedimento e/ou cicatrização muito complexa, pode continuar o esquema de dose terapêutica para esses pacientes.
Veja abaixo nesse quadro adaptado da AAPD as sugestões de fármacos para cada condição:
É verdade que essas são situações mais raras em nossas rotinas de consultório. No entanto, se algum paciente com alguma dessas condições estiver sob nossos cuidados é de extrema importância saber dominar esse tema. Primeiramente devemos evitar que qualquer infecção de origem odontológica se instale nesse contexto. Portanto, a orientação e motivação de higiene e constante prevenção odontológica deve ser primordial. Se houver a necessidade de algum procedimento mais invasivo, que possa causar maior sangramento ou disseminação de bactérias, é necessário seguir o protocolo de profilaxia antibiótica. Tenha sempre em mente e até mesmo imprima esses quadros para poder consultar quando e como realizar a profilaxia antibiótica e assim realizar os procedimentos com segurança.
Por Carla Pereira
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