Na ortopedia funcional ou mesmo na ortodontia interceptiva, é comum que o profissional considere onde o paciente se encontra em sua surto de crescimento, de forma a determinar o melhor momento para a intervenção. Mas afinal, o que é crescimento?
O que vamos abordar:
Definição de crescimento
De maneira geral, podemos definir crescimento como aumento dos tecidos, quando há aumento de tamanho de determinada estrutura. Esse conceito também pode ser generalizado para o crescimento da face, ou seja, aumento das estruturas do complexo crânio-facial como um todo.
Podemos dizer que o crescimento do ser humano é do tipo céfalo-caudal. Isso quer dizer que as estruturas mais próximas ao cérebro crescem antes das demais estruturas do corpo. No neonato não temos as estruturas do corpo proporcionais ao nascimento, os períodos de crescimento de cada estrutura são distintos.
O fato é que durante os períodos de maior crescimento, há maior quantidade de hormônios de crescimento circulando pelo sangue. Quando o paciente se encontra no chamado “surto de crescimento”, é a sinalização de que há um grande fluxo de hormônios de crescimento circulando pelo organismo e consequentemente há maior crescimento das estruturas do complexo crânio-facial.
Como predizer o surto de crescimento?
Portanto, o surto de crescimento é um período favorável para intervenções ortopédicas. Isso não quer dizer que o profissional não irá intervir antes do surto de crescimento, contudo, as intervenções durante este período tendem a ser mais efetivas. Mas afinal, de que maneira determinamos esse o surto de crescimento?
O clínico pode lançar mão de alguns indicadores biológicos a fim de investigar em qual estágio da curva de crescimento o paciente se encontra, tais como:
Idade Dentária
A idade dentária está fundamentada no estágio de mineralização dos dentes e em seu nível de formação coronária e radicular e comumente é estimada a partir da irrupção dos dentes.
Apesar da cronologia de irrupção ser fortemente influenciada por fatores extrínsecos como perdas precoces ou mesmo anquilose de dentes decíduos, o que torna a estimativa do surto de crescimento a partir da idade dentária pouco preciso, a literatura mostra que os caninos inferiores se apresentam um bom parâmetro para estimativa do surto de crescimento.
O recém fechamento do ápice do canino inferior permanente indica o surto de crescimento puberal. Contudo, este é um parâmetro radiográfico e não clínico, sendo que é difícil o profissional predizer se o ápice foi fechado recentemente ou não, o que acaba tornando o método pouco utilizado clinicamente.
Idade de Menarca
Para as meninas, a menarca pode ser um bom parâmetro clínico para estimativa do surto de crescimento. Na prática, quando ocorre a menarca pode se esperar que o pico de crescimento já foi ultrapassado em cerca de 6 meses, podendo ter mais um ano, em média, de crescimento facial significativo pela frente.
Idade óssea
Podemos considerar que a idade óssea é o método mais preciso para estimativa do surto de crescimento puberal, sendo que essa pode ser estimada através de alguns meios:
- Radiografia carpal – este certamente é o método mais preciso para predição do surto de crescimento, visto que a mão apresenta diversos ossos em diferentes estágios de maturação, permitindo uma avaliação mais precisa.
- Radiografia do polegar – a radiografia do polegar é uma forma simplificada de predizer o surto de crescimento. Esse método não apresenta a mesma precisão da radiografia carpal mas permite a visualização do osso sesamóide ulnar que está presente somente no pico de crescimento puberal.
- Radiografia das vértebras cervicais – esse talvez seja o método mais popular entre os ortodontistas e ortopedistas faciais nos dias de hoje. Isso porque a maturação das vértebras cervicais e suas modificações anatômicas decorrentes do crescimento podem ser visualizadas através da telerradiografia em normal lateral, um exame comumente solicitado nas documentações ortod6onticas. É certo que esse não se apresenta como método mais efetivo, porém também permite uma boa estimativa do surto de crescimento, apresentando excelente aplicabilidade clínica e evitando que o paciente seja submetido a outra incidência radiográfica.
De forma geral, é importante lembrar que o surto de crescimento, embora no gráfico seja representado com um cume, se apresenta verdadeiramente como um período entre 1 e 2 anos, e não um ponto. Portanto, as intervenções ortopédicas realizadas nesse período tendem a apresentam melhor resposta esquelética.
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Até mais!
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Por Juliana P. Andriani e Natália dos Santos.
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