O tratamento odontológico em odontopediatria vai além das técnicas de procedimentos restauradores propriamente ditas. O comportamento da criança pode ser um grande desafio na execução dos atendimentos e em algumas situações as técnicas de manejo comportamental não farmacológicas podem não ser eficientes para crianças com ansiedade ou medo do dentista, fazendo com que o profissional busque técnicas de sedação para atendimento de pacientes não colaboradores. Para entender um pouco mais sobre os tipos de Sedação em Odontologia, leia o conteúdo que preparamos no blog de hoje!
A falta de colaboração da criança, pode ser devido a ansiedade, medo, pouca idade da criança, vivência prévia traumática ou ainda alteração no desenvolvimento cognitivo. Portanto, ter a opção de tratar o paciente oferecendo a sedação odontológica pode ser um ponto chave para o sucesso dos seus atendimentos nesse perfil de pacientes! A sedação (independente do tipo escolhido) pode não ser um assunto tão familiar para a maioria dos dentistas brasileiros, porém, a técnica vem ganhando espaço a cada dia, principalmente pelo aumento do número de pacientes ansiosos que buscam atendimento odontológico. Então vamos conhecer os tipos de sedação em odontologia:
Quais os tipos de sedação em odontologia?
- Sedação inalatória com óxido nitroso e oxigênio
- Sedação medicamentosa via oral ou nasal
- Sedação venosa
- Anestesia geral
Como selecionar o melhor tipo de sedação para o seu paciente ansioso em odontologia?
Antes de mais nada, é importante conceituar os termos para que não haja confusão. O termo sedação refere-se ao ato ou efeito de sedar (acalmar) pelo efeito de um medicamento administrado. Tanto o efeito como o modo de realização da sedação dependem diretamente de cada medicamento utilizado assim como a via de administração do mesmo.
Quais são os tipos de sedação utilizados em Odontologia?
Didaticamente podemos separar 4 tipos de sedação: sedação inalatória com oxido nitroso e oxigênio, sedação medicamentosa via oral ou nasal, sedação venosa e anestesia geral. Vamos então aos pontos de destaque de cada uma:
Sedação consciente com óxido nitroso
A Sedação consciente com óxido nitroso (mistura de óxido nitroso e oxigênio) é o famoso “gás do riso”. Dentre as vantagens de técnica, podemos destacar:
- reduzir ou eliminar a ansiedade,
- melhorar a comunicação e a colaboração do paciente,
- aumentar a tolerância a procedimentos mais extensos.
Para que ocorra o efeito desejado, é necessário que a criança respire constantemente o gás pela máscara. Portanto, algumas das contra indicações são: crianças de baixa idade e/ com doenças de trato respiratório superior.
Algumas pessoas imaginam que a sedação consciente com óxido nitroso irá fazer a criança “dormir” durante os procedimentos e colaborar totalmente na realização de um determinado procedimento, mas nem sempre isso não acontece. As razões pelas quais a sedação com óxido nitroso não é bem sucedida podem ser diversas, entre elas podemos citar o fato da criança ser pequena demais e não ter maturidade psicológica suficiente para respirar apenas pelo nariz durante pelo menos 3 minutos.
Para poder realizar esse tipo de sedação em seu consultório é preciso de um curso específico de 96 horas com carga horária teórica e clínica, assim como obrigatoriamente a disciplina de emergências médicas; e aí sim, você pode utiliza-la em ambiente ambulatorial de rotina conforme a lei que rege a odontologia.
Resumindo: para fazer a sedação consciente com óxido nitroso é preciso estar habilitado e certificado pelo CFO. A Professora Carla e a Professora Adriana (professoras aqui da Academia da Odontologia) tem cursos específicos pra isso e deixamos o link aqui para auxilia-lo nas informações:
http://abcdfloripa.com.br/public/
https://www.neomsp.com.br/odontologia/
Ah! E só lembrando, as técnicas de manejo comportamental devem estar sempre presentes mesmo durante a sedação. A criança deve estar condicionada para que o óxido nitroso auxilie a transformar um paciente potencialmente colaborador em colaborador.
Sedação medicamentosa via oral ou nasal
A administração de alguns medicamentos, como benzodiazepínicos, também é indicada em odontologia, principalmente para pacientes fóbicos, com algum comprometimento físico e/ou mental ou não colaboradores. Os benzodiazepínicos apresentam propriedades hipnóticas e sedativas, além de apresentar um tempo de absorção e eliminação relativamente rápidos pelo organismo.
Não é necessária uma habilitação específica para prescrição desse tipo de medicação em sua prática clínica. No entanto, é essencial que o profissional esteja capacitado para saber as propriedades do fármaco, calcular a dose e evitar possíveis complicações. Um monitoramento adequado também é essencial para que ocorra de maneira tranquila. Se você quer colocar em prática essa técnica em seu dia-a-dia clínico ou atualizar seus conhecimentos, não deixe de assistir o curso da Professora Adriana Correa!
Observação: geralmente as técnicas utilizadas em odontologia envolvem os níveis de sedação mínima e moderada a nível de consultório. As técnicas de sedação via parenteral e anestesia geral também podem agregar grande benefício aos procedimentos odontológicos. No entanto, ambas só podem ser realizadas por médicos anestesistas, sendo a anestesia geral exclusivamente praticada em centros cirúrgicos.
Sedação venosa
Muitas vezes o que difere o tipo de sedação é a “via” com que o medicamento é administrado, por exemplo, o fármaco midazolam pode ser administrado por via oral, nasal e venosa. Nos EUA é mais comum dentistas realizarem este tipo de sedação, pois a formação acadêmica do país permite isso, tanto que virou especialidade a modalidade: “Cirurgião dentista anestesiologista”. Já no Brasil, embora nossa lei permita que os cirurgiões dentistas façam este tipo de sedação com atendimento odontológico, raríssimo são os colegas que tem essa formação no exterior e praticam aqui em nosso país.
Para que nós, dentistas, possamos utilizar essa técnica e oferecê-la para os pacientes, muitos colegas convidam então médicos anestesistas habituados a sedar pacientes para procedimentos odontológicos a virem em nossos consultórios fazer este tipo de sedação. Como sabemos, crianças não são apenas “adultos pequenos”, crianças tem por exemplo capacidade pulmonar menor que o adulto, e as particularidades faz com que anestesistas que são acostumados em sedar adultos não se sintam a vontade de fazer o mesmo procedimento com crianças com a mesma segurança, então não é tão fácil achar um anestesista que realize esta sedação em crianças, o que então nos direciona para a opção de anestesia geral.
Anestesia geral
Procedimentos com anestesia geral obrigatoriamente devem ser realizados em centro cirúrgico em um hospital/clínica preparado para isso. A sedação é realizada por um anestesista acompanhado de uma enfermeira em um ambiente equipado com toda segurança para eventuais emergências.
Para começar a pensar nessa possibilidade, deixamos aqui algumas dicas:
- Procure a equipe de médicos anestesistas da sua cidade para saber qual conduta a equipe tem frente a tratamentos odontológicos e quem eles poderiam indicar para isso;
- Procure um hospital/clínica que atenda a necessidade odontológica, ou seja, tenha os equipamentos necessários (cadeira, compressor, sugador, motor para alta e baixa rotação, raio X);
- Acompanhe algum colega que já faça este tipo de atendimento para já ter uma “ideia” de como funciona dentro de um centro cirúrgico.
Como selecionar o tipo de sedação para o seu paciente ansioso em odontologia?
A escolha da técnica de sedação mais adequada irá depender da idade do paciente, capacidade de colaboração e procedimentos necessários. Por exemplo, para crianças muito pequenas com necessidade de múltiplos tratamentos, a anestesia geral é uma indicação. Já para procedimentos mais pontuais, onde a criança tem um pouco de colaboração, a sedação medicamentosa ou óxido nitroso podem ser boas opções.
Para ter maior segurança com a sedação, busque cursos de qualidade, leia mais sobre o tema e prepare sua equipe. É interessante ter colegas também capacitados em sedação para atender junto com você! Assim, além da troca de experiência vocês terão mais segurança juntos.
Cada sedação é indicada para um tipo de paciente e que pode compilar algumas características para assim decidirmos a melhor sedação. As “dicas” das características são:
- Idade do paciente;
- Maturidade psicológica;
- Tipo de procedimento (considere também o tempo que você leva para realiza-lo);
- Opinião dos pais;
- Comportamento do paciente;
- Peso;
- Estado de saúde geral;
- Capacitação do profissional.
Além dessas características resumidamente expostas, existem diferentes níveis de sedação, dependendo do tipo e dosagem de fármaco utilizado. De forma mais didática e objetiva, fizemos um quadro comparativo que podemos observar as respostas do paciente diante de cada uma delas. Algo muito importante ao realizar sedações, é saber como agir caso aconteça alguma intercorrência. Por isso, em todos os cursos de sedação, é obrigatório ter aulas de emergências médicas e suporte básico de vida. Deixamos também algumas referências para leitura caso se interesse pelo tema.
E aí, se interessou por algum desses tipos de sedação em odontologia?
Bons estudos!
Sugestão de leitura:
- Guideline AAPD – Uso de Óxido Nitroso para pacientes odontopediátricos https://www.aapd.org/research/oral-health-policies–recommendations/use-of-nitrous-oxide-for-pediatric-dental-patients/
- Livro “Práticas Clínicas em Odontopediatria”, Thaisa Cezária Triches-Schmitz e Marcos Ximenes:
- Capítulo 13 – Sedação com Óxido Nitroso e Oxigênio
- Capítulo 14 – Sedação Medicamentosa
- Capítulo 15 – Anestesia Geral
Por Rafaela Hochuli.